Itararé, Cidade de Artistas - O Rock Aqui é Rota Sul

Itararé, Cidade de Artistas - O Rock Aqui é Rota Sul
Só os imbecis são felizes (Silas Correa Leite, in, Provocações, TV Cultura)

DECLAMAR POEMAS - Silas Correa Leite de Santa Itararé das Artes


Declamar Poemas

Não gosto de decorar poemas
Prefiro falar poemas com um livro na mão
O livro é meu instrumento musical.
(Solivan Brugnara)

Para Regina Benitez

Não fui feito para declamar poemas
Ter timbre, empostar a voz, tempo cênico
E ainda dar tom gutural em tristices letrais.

Não fui feito para decorar poemas
Malemal os crio e os pincho fora
Pro poema saber mesmo quem é que manda.

Não fui feito para teatralizar poemas
Mal os entalho e deixo que singrem
Horizontes nunca dantes naves/gados.

Não fui feito para perolizar poemas
Borboletas são pastos de pássaros
Assim os poemas que se caibam crusoés.

Não fui feito para ser dono de poemas
Eles que se toquem e se materializem
Peles de pedras permitem leituras lacrimais.

Não fui feito nem para fazer poemas
Por isso nem cheira e nem freud a olaria
Apenas uso estoque de presenças jugulares.

Não fui feito eu mesmo. Sou poema
Bípele, cervejólo, bebemoro noiteadeiros
Quando ovulo sou fio-terra em alma nau.
-0-
Silas Correa Leite, Itararé-SP
E-mail: poesilas@terra.com.br

domingo, 16 de agosto de 2009

Raul Seixas, Mosca na Sopa do Rock




Metamorfoses


Raul: Assim Seixas!


Trombadinha é a fome

(Pichado Num Muro in Sampa)



-A última vez que o vi, estava saindo da sede do então Diário Popular, o mesmo jeitão alumbrado, então o cumprimentei por educação – não sou do tipo fã histérico ou baba-ovo - mas o Raul Seixas simplesmente apertou a minha mão demoradamente e me deu um abraço, como se eu fosse da familia. Familia Contra Ataca?

-Pensei, discriminando, claro, com os meus botões: deve estar pirado, entrou numas. Ora, isso ele sempre foi em todos os sentidos e insurgências. Já pensou? Depois ouvi o blues lindo que ele fez quando internado numa clínica periferia s/a da vida. Correm as lendas.

-E vai uma: depois de procurar o que tomar, viu embaixo da pia de casa um litro meio que escondido de vinho. Mamou direto. Alguém da casa chegou e, vendo o caso vazio, reclamou na bucha: o vinho tava azedado, tinham guardado pra usar como vinagre. Ele, o Seixas Raul tomou o livro de vinagre inteirinho.

-Canções com letras-mantras. Com letras-protesto. Com letras-crônicas. Com letras que mesmo aqui e ali tachadas de birutas, davam sentido a voos músico-letrais. Ou lítero-musicais. Todo ele uma espécie mestiço tropical-latino de Zimermam-Dylan na fase woodstock. Será o impossível?

-A metamorfose ambulante que bagunçava as opiniões formadas sobre tudo, escamoteando os ouros de tolos. E os tolos de ouro da vida mumificada em regras, modismos e hipocrisias gerais... Era o roqueiro daqueles anos festivais-vernizes, típico mochileiro, maconheiro, festeiro e criticador de peso e quilate. Na veia.

-Raul Seixas criticou igrejinhas, teve a tchurma toda a favor, porque ele criticando no fazer arte era um, no dia-a-dia era uma flor, uma moça. Qualquer musica dele cantada por qualquer um, vira sucesso. Porque ele foi único no que fazia de rock pauleira para ser comestível entre pizzas e crushs. Pois é.

-Pouca voz e muita letra. Se surgisse hoje, estouraria. Pra época era vanguarda. O Brasil tem nele o melhor roqueiro, melhor que Rita Lee (que de ovelha negra pintou global, argh!), pré Cazuza, pré Legião, uma espécie adiantada de Cássia Eller de blue-jeans. Já pensou?

-Se fizesse teatro, seria Plinio Marcos. Se fosse poeta, seria Glauco Matoso. Se fosse fêmeo seria Elis da fase pimentinha ao deus-dará. Mas era único no gênero, figurinha carimbada.

-Sentado no trono de seu apartamento, tinha idéias, corria compor, tava escrita a letramusica. Amigão, tinha momentos de recolhimentos, encucava essas e outras estações, mas, pan-arteiro, sabia que em tudo havia arte e ele tinha um seu próprio filão. Sorte da MPB que com ele foi muito mais que MPB. Foi Música Popular Parabólica. Parabolizado. No entanto, muito mais do que parcialmente fervido, no frever dos ovos.

-Agora, mais do que nunca, o andam cantando em verso e prosa pelaí. Deve ser alguma coisa datada. Mas se você cansar da nova música popular brasileira, que não é nova, não é música, não é popular, não é brasileira, ouça o Raul. Se você penou com a fase neobossa nova das novelas globais, saque o Raul. Ou mãos ao álcool. Pior, se você cansou desses novos roqueiros bananas que viçam bigs brothers por aí, ouça o Raul e que o Raul seja, quero dizer, trocadilhando, Raul Seixas!

-Pra ser um puta roqueiro, tem que ouvir Raul Seixas primeiro. Dá saudades. Para não dizer que não falei de flores, como é que pode morrer tão cedo? Por essas e outras, perdemos a cabeça estrambólica dele que dava o que falar, o que não falar, o que assinar embaixo, cantando refrões e letras diferenciadas.A Mosca da sopa das brasileiranças ufanistas pra curtume
-Um saradíssimo porra-louca, fazendo carnavales com guitarras e algo entre Hawai e Índia. Hawaíndia? Como cabeças & mentes marcam, fazem falta, ele ainda será cantado por tantas gerações futuras. Da que veio geração tubaína, passou pela geração coca cola, e agora cai no diapasão da Geração Teflon, que esquenta mas não quer realmente aderência. Tensão para exatidão, diria Paul Valery.

-Raul Seixas se foi pra ficar

-Assim Seixas!

-0-

Silas Correa Leite, Letrista-compositor de rocks, blues e baladas inéditas
E-mail:
poesilas@terra.com.br - Blogue: www.portas-lapsos.zip.net
Autor de O HOMEM QUE VIROU CERVEJA, Crônicas Hilárias de um Poeta Boêmio – Giz Editorial, SP, no prelo, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador Bahia 2009

Raul Seixas, Mosca na Sopa do Rock



Metamorfoses


Raul: Assim Seixas!


Trombadinha é a fome

(Pichado Num Muro in Sampa)



-A última vez que o vi, estava saindo da sede do então Diário Popular, o mesmo jeitão alumbrado, então o cumprimentei por educação – não sou do tipo fã histérico ou baba-ovo - mas o Raul Seixas simplesmente apertou a minha mão demoradamente e me deu um abraço, como se eu fosse da familia. Familia Contra Ataca?

-Pensei, discriminando, claro, com os meus botões: deve estar pirado, entrou numas. Ora, isso ele sempre foi em todos os sentidos e insurgências. Já pensou? Depois ouvi o blues lindo que ele fez quando internado numa clínica periferia s/a da vida. Correm as lendas.

-E vai uma: depois de procurar o que tomar, viu embaixo da pia de casa um litro meio que escondido de vinho. Mamou direto. Alguém da casa chegou e, vendo o caso vazio, reclamou na bucha: o vinho tava azedado, tinham guardado pra usar como vinagre. Ele, o Seixas Raul tomou o livro de vinagre inteirinho.

-Canções com letras-mantras. Com letras-protesto. Com letras-crônicas. Com letras que mesmo aqui e ali tachadas de birutas, davam sentido a voos músico-letrais. Ou lítero-musicais. Todo ele uma espécie mestiço tropical-latino de Zimermam-Dylan na fase woodstock. Será o impossível?

-A metamorfose ambulante que bagunçava as opiniões formadas sobre tudo, escamoteando os ouros de tolos. E os tolos de ouro da vida mumificada em regras, modismos e hipocrisias gerais... Era o roqueiro daqueles anos festivais-vernizes, típico mochileiro, maconheiro, festeiro e criticador de peso e quilate. Na veia.

-Raul Seixas criticou igrejinhas, teve a tchurma toda a favor, porque ele criticando no fazer arte era um, no dia-a-dia era uma flor, uma moça. Qualquer musica dele cantada por qualquer um, vira sucesso. Porque ele foi único no que fazia de rock pauleira para ser comestível entre pizzas e crushs. Pois é.

-Pouca voz e muita letra. Se surgisse hoje, estouraria. Pra época era vanguarda. O Brasil tem nele o melhor roqueiro, melhor que Rita Lee (que de ovelha negra pintou global, argh!), pré Cazuza, pré Legião, uma espécie adiantada de Cássia Eller de blue-jeans. Já pensou?

-Se fizesse teatro, seria Plinio Marcos. Se fosse poeta, seria Glauco Matoso. Se fosse fêmeo seria Elis da fase pimentinha ao deus-dará. Mas era único no gênero, figurinha carimbada.

-Sentado no trono de seu apartamento, tinha idéias, corria compor, tava escrita a letramusica. Amigão, tinha momentos de recolhimentos, encucava essas e outras estações, mas, pan-arteiro, sabia que em tudo havia arte e ele tinha um seu próprio filão. Sorte da MPB que com ele foi muito mais que MPB. Foi Música Popular Parabólica. Parabolizado. No entanto, muito mais do que parcialmente fervido, no frever dos ovos.

-Agora, mais do que nunca, o andam cantando em verso e prosa pelaí. Deve ser alguma coisa datada. Mas se você cansar da nova música popular brasileira, que não é nova, não é música, não é popular, não é brasileira, ouça o Raul. Se você penou com a fase neobossa nova das novelas globais, saque o Raul. Ou mãos ao álcool. Pior, se você cansou desses novos roqueiros bananas que viçam bigs brothers por aí, ouça o Raul e que o Raul seja, quero dizer, trocadilhando, Raul Seixas!

-Pra ser um puta roqueiro, tem que ouvir Raul Seixas primeiro. Dá saudades. Para não dizer que não falei de flores, como é que pode morrer tão cedo? Por essas e outras, perdemos a cabeça estrambólica dele que dava o que falar, o que não falar, o que assinar embaixo, cantando refrões e letras diferenciadas.A Mosca da sopa das brasileiranças ufanistas pra curtume
-Um saradíssimo porra-louca, fazendo carnavales com guitarras e algo entre Hawai e Índia. Hawaíndia? Como cabeças & mentes marcam, fazem falta, ele ainda será cantado por tantas gerações futuras. Da que veio geração tubaína, passou pela geração coca cola, e agora cai no diapasão da Geração Teflon, que esquenta mas não quer realmente aderência. Tensão para exatidão, diria Paul Valery.

-Raul Seixas se foi pra ficar

-Assim Seixas!

-0-

Silas Correa Leite, Letrista-compositor de rocks, blues e baladas inéditas
E-mail:
poesilas@terra.com.br - Blogue: www.portas-lapsos.zip.net
Autor de O HOMEM QUE VIROU CERVEJA, Crônicas Hilárias de um Poeta Boêmio – Giz Editorial, SP, no prelo, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador Bahia 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

QUEM? - Letra de Rock de Silas Correa Leite





QUEM?


(Letra de Rock)



Não há vagas para todos
Não há leite e mel e brioches para todos
Não há terras e diplomas e oxigênio para todos
De que lado você está?

Você pode estar ocupando uma vaga
Você pode estar tomando o leite de um cidadão produtivo
Você pode ter propriedades-roubos que não lhe cabem
Você pode estar produzindo muito menos do que você deveria
De que lado você quer ser?

O seu lugar não é seu e está muito mal ocupado
Você não vale o leite que consome
Seu diploma não lhe deu a devida instrução
Você é um obstáculo para o desenvolvimento
Quem você pensa é?

(Refrão)
Você é o ilustre QUEM?
Você é o inútil QUEM?
Você é o analfabeto existencial POR QUÊ?
Você nuca soube o que fazer de VOCÊ? (Bis)
Abra os olhos e veja a medida do leite
Abra o cérebro e deixe vazar o instintal
Tome seu lugar na máquina e produza
Faça por merecer a sua vida
Ou você não sabe nunca o que fazer?

Vaga, leite, mel, terra, diploma, emprego, totem, prazer ( )
Em que marionete você precisa se espelhar para viver? ( bis )


-0-


Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes
E-mail:
poesilas@terra.com.br
Blogue: www.portas-lapsos.zip.net